Ministério da Saúde amplia vacinação contra hepatite A para usuários de PrEP no SUS

Medida visa conter surtos em adultos, já que imunização infantil reduziu casos em mais de 95%

Ministério da Saúde anunciou nesta a ampliação da vacinação contra hepatite A para usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) no Sistema Único de Saúde (SUS). A estratégia tem como objetivo reduzir surtos da doença em adultos, já que a ampla vacinação de crianças, iniciada em 2014, diminuiu drasticamente os casos nessa faixa etária. Atualmente, mais de 120 mil pessoas utilizam a PrEP no SUS, e a meta é imunizar 80% desse público.

Mudança no perfil da doença exige nova estratégia

De acordo com o ministro Alexandre Padilha, a decisão foi tomada após a mudança no perfil epidemiológico da hepatite A no país.

"Com a vacinação infantil, a doença passou a se concentrar em adultos. Os surtos recentes, com características semelhantes, mostram a necessidade de expandir a imunização para quem usa a PrEP", explicou Padilha. "Isso também impacta na gravidade dos casos, já que as complicações são mais frequentes em adultos. Com essa medida, reduziremos internações e óbitos."

A vacinação será realizada em duas doses, com intervalo de seis meses, garantindo proteção duradoura. Para receber a imunização, os usuários devem apresentar a receita da PrEP nos serviços de referência onde já são atendidos.

Hepatite A: transmissão e impacto da vacinação

hepatite A é uma inflamação do fígado causada por um vírus, cuja principal forma de transmissão é fecal-oral. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já alertou, desde 2016, para o aumento de casos associados a práticas sexuais – especialmente em países com baixa endemicidade.

No Brasil, surtos relacionados a essa forma de transmissão foram identificados pela primeira vez em 2017, em São Paulo, com 786 casos e 2 mortes. Desde então, outros episódios foram registrados, principalmente entre homens que fazem sexo com homens (HSH) – grupo que representa cerca de 80% dos usuários da PrEP no SUS.

Queda histórica em crianças, mas aumento em adultos

A inclusão da vacina contra hepatite A no Calendário Nacional de Vacinação, em 2014, levou a uma redução de 93% nos casos gerais entre 2013 e 2021. Entre crianças menores de 5 anos, a queda foi de 97,3%, e na faixa de 5 a 9 anos99,1%.

No entanto, em 2023, houve um aumento de casos, com 2.080 registros, dos quais 1.877 (90%) foram em adultos acima de 20 anos. Desse total, 69,5% eram homens.

Com a nova estratégia, o Ministério da Saúde espera replicar o sucesso da vacinação infantil e controlar a disseminação da hepatite A entre a população adulta vulnerável.

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