Paralisação da Recicla Garça entra em pauta na Câmara, enquanto Prefeitura evita dar esclarecimentos



Na 8ª sessão ordinária da Câmara Municipal de Garça, realizada em 24 de março, a vereadora Elaine Oliveira apresentou o Requerimento 279/2025, solicitando a convocação de um representante da Cooperativa Recicla Garça para prestar esclarecimentos sobre a paralisação temporária de suas atividades e da usina de reciclagem operada pela cooperativa.

A medida visa esclarecer os motivos da interrupção dos serviços e os impactos ambientais e sociais. Já que, assim como a população, os trabalhadores da coleta de resíduos também parecem estar enfrentando dificuldades para obter respostas concretas do poder público.

Cabe pontuar que, mais do que uma iniciativa ambiental, a reciclagem é uma fonte de renda para os cooperados. Além de destinarem materiais recicláveis para empresas especializadas em vidro, papelão, plástico e outros resíduos, ajudando a reduzir a contaminação do solo e da água, seu trabalho garante a destinação correta dos materiais, evitando o descarte em aterros. Sem a cooperativa em funcionamento, muitos desses trabalhadores enfrentariam dificuldades financeiras para manter uma condição digna de vida.

Transparência em xeque: Prefeitura de Garça evita questionamentos da imprensa

Enquanto a Câmara busca respostas, o Diário de Garça acompanha o caso desde o início da paralisação. O veículo tem questionado a Prefeitura sobre o destino dos materiais recicláveis que ainda são coletados pelos caminhões, mas não mais entregues na cooperativa, que encontra-se fechada.

Apesar da administração municipal afirmar em suas redes sociais que há "destinação correta", denúncias de munícipes indicam que os caminhões seguem diariamente em direção ao aterro, após a coleta de recicláveis percorrer a cidade. Até o momento, a Prefeitura não informou se existe um ponto de transbordo para esses materiais, nem qual seria a empresa responsável pelo processo. Também não há resposta sobre a retomada do subsídio da cooperativa.

A reportagem enviou questionamentos à Secretaria de Comunicação e Eventos (Secom) por e-mail, solicitando uma resposta oficial para publicação integral. Entretanto, a Prefeitura optou por não se manifestar, mantendo silêncio diante das críticas.

Além disso, a Secom tem dificultado o trabalho da imprensa ao exigir que jornalistas compareçam presencialmente para obter informações, desconsiderando práticas recomendadas pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pelo Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, que orientam o uso de canais escritos (como e-mail) para garantir registro e comprovação de respostas.

A postura da Prefeitura também inclui a não identificação de seus porta-vozes em comunicações por e-mail, o que impede a responsabilização de agentes públicos por suas declarações ou a falta de esclarecimentos reais quanto a elas. A ausência de transparência reforça suspeitas sobre a gestão dos resíduos e alimenta críticas de que a administração municipal prioriza o controle da narrativa em detrimento do direito à informação.

A 10ª sessão ordinária, em abril, poderá pressionar por esclarecimentos, mas a relação tensa entre a Prefeitura e a imprensa segue como um obstáculo à accountability. Enquanto isso, munícipes e cooperados aguardam respostas sobre o futuro da reciclagem no município.

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