Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelaram que a água da chuva em áreas agrícolas pode ser uma fonte significativa de contaminação por agrotóxicos, tornando-a imprópria para consumo humano. O estudo, publicado na revista Chemosphere em março de 2025, analisou amostras coletadas em três cidades do estado de São Paulo: Campinas, Brotas e a capital paulista. Os resultados mostraram que Campinas apresentou a maior concentração de agrotóxicos, com 701 microgramas por metro quadrado (µg/m²), seguida por Brotas (680 µg/m²) e São Paulo (223 µg/m²).
A pesquisa, realizada entre agosto de 2019 e setembro de 2021, utilizou um sistema de coleta composto por um tubo de PVC de 1 metro, um funil de vidro e uma garrafa de vidro âmbar de 1 litro. As amostras foram coletadas em uma fazenda experimental em Brotas e em quintais residenciais nas outras duas cidades. Os dados indicaram uma correlação direta entre a quantidade de agrotóxicos encontrados e a extensão das áreas agrícolas em cada município. Campinas, por exemplo, tem quase metade de seus 795 quilômetros quadrados (km²) dedicados ao cultivo, enquanto Brotas e São Paulo têm 30% e 7% de suas áreas ocupadas por lavouras, respectivamente.
Entre os 14 agrotóxicos identificados, destacou-se a presença do herbicida atrazina, que, apesar de proibido, foi detectado em todas as amostras nas três cidades. Além disso, dois herbicidas e um fungicida representaram riscos significativos para a vida aquática, já que a água da chuva é uma das principais fontes de abastecimento dos rios.
Os pesquisadores alertam para os perigos da ingestão de água da chuva, especialmente em regiões agrícolas, e reforçam a necessidade de políticas públicas que monitorem e reduzam o uso de agrotóxicos, além de promover práticas agrícolas mais sustentáveis.
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