Fiocruz assume coparticipação em patente de larvicida sustentável contra o Aedes aegypti

Células de levedura com óleo de laranja encapsulado (imagem: Genta e colaboradores, BMC, 2020)


O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) passou a ser cotitular da patente de um larvicida inovador contra o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya. Desenvolvido em parceria com universidades estrangeiras, o produto utiliza cápsulas de óleo de laranja revestidas com fermento de padeiro (Saccharomyces cerevisiae) para eliminar as larvas do inseto de forma ecológica e eficiente.

Tecnologia sustentável

Segundo Fernando Ariel Genta, chefe do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos do IOC/Fiocruz, a combinação de óleo de laranja e leveduras é totalmente biodegradável e não causa resistência nos mosquitos, um problema comum com larvicidas químicos tradicionais.

“As larvas do Aedes consomem as leveduras como se fosse um ‘filé-mignon’”, explica Genta. “Elas têm enzimas especializadas para digerir esse tipo de alimento, o que torna a tecnologia altamente direcionada e eficaz.”

O processo, chamado de “delivery ambiental”, consiste na aplicação das cápsulas diretamente nos criadouros, onde as larvas as ingerem naturalmente. “Diferente dos pesticidas convencionais, esse larvicida não se acumula no meio ambiente e tem impacto mínimo em outros organismos, sendo seguro para humanos”, destaca o pesquisador.

Trajetória do projeto

A colaboração começou em 2017, quando o IOC/Fiocruz uniu-se à Universidade do Novo México (EUA) no projeto An Environmentally Friendly Larvicide for Mosquito Control. A equipe brasileira contribuiu com testes e expertise em vigilância de vetores, enquanto a universidade norte-americana liderou o processo de patenteamento.

Em outubro de 2023, a tecnologia foi registrada nos EUA pelo United States Patent and Trademark Office (USPTO) e pelo Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes (PCT). Um ano depois, a Fiocruz formalizou sua cotitularidade, com apoio do Núcleo de Inovação Tecnológica do IOC (NIT-IOC) e da Coordenação de Gestão Tecnológica (Gestec).

Com a aprovação final da Comissão de Patentes da Fiocruz em fevereiro de 2025, o larvicida está pronto para comercialização, oferecendo uma alternativa sustentável no combate ao Aedes aegypti.

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